De férias no Brasil um grupo de suíços incluiu no roteiro da viagem, visita a duas propriedades rurais de Sorriso. Moradores da pequena comunidade de Daillens, na Suiça, o grupo formado por seis pessoas, soube do Projeto “Gente que Produz e Preserva” e resolveu ver com os próprios olhos que é possível produzir respeitando o meio ambiente.
No município que leva o título de “Capital Nacional do Agronegócio”, a intenção era conhecer a produção de soja responsável já que a Suíça foi um dos primeiros países a discutirem os princípios para importação de soja sustentável no ano de 2004. Foi a partir da WWF da suíça (Fundo Mundial pela Natureza) e os supermercados COOP, segunda maior rede da Suíça, que se começou a discussão para estabelecer critérios ecológicos para a compra de soja proveniente da América do Sul.
Na época a ideia era atrair a atenção do consumidor suíço para o desmatamento abusivo de florestas e incentivar produtores do Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai a produzir de forma sustentável para garantir espaço no mercado internacional no futuro.
Michel Lugeon está no Brasil pela décima primeira vez. É o único do grupo que fala português fluentemente. Ele conta que na propriedade de 70 hectares na suíça, produz beterraba, batata, girassol, canola e tem também gado e frango. “As áreas destinadas a agricultura no Brasil são enormes. Sempre que venho fico impressionado com a imensidão verde destinada a soja”, disse entusiasmado.
O grupo visitou as fazendas Santa Maria da Amazonia e Santana. As duas propriedades e outras 7 (Jaborandi, São Felipe, Dakar, São Marcos, Videirense, Cella e Berrante de Ouro) foram certificadas em setembro de 2015 no padrão internacional RTRS (A Round Table on Responsible Soy). Isso significa que a produção vem de uma fazenda que segue princípios básicos ambientais e sociais. A certificação das propriedades foi através do projeto “Gente que produz e Preserva” do Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso), com o apoio da WWF Brasil, Solidariedad, IDH e Bel.
Os agricultores Dudy e Nando Paiva, donos da fazenda Santana abriram as porteiras para receber os suíços. No ano passado o casal também conheceu algumas propriedades rurais na Hollanda. “Eu acho super interessante essa troca de informações. Quando fomos para a Holanda vimos a realidade deles que é totalmente diferente da nossa. Apesar das propriedades serem menores, na Europa o produtor rural é valorizado e tem muito incentivo do Governo”, contou Dudy.
Informação confirmada por Michel Lugeon. Onde mora, o governo exige a manutenção de 7% de reserva legal. Para isso paga ao dono da área um subsídio quase maior do que o ganho com a produção dos produtos. “Eles fazem isso para tentar manter o pouco de área verde que sobrou na Europa”, afirmou Lugeon que também ficou impressionado com o plano de gestão das propriedades inseridas no projeto.
Os produtores suíços também conheceram propriedades e uma Fundação no município vizinho, Lucas do Rio Verde e na capital, Cuiabá, estiveram na sede da Associação dos produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, a Aprosoja.