Por meio do projeto “Cultivando Vida Sustentável”, O CAT Sorriso juntamente com parceiros, está realizando a implantação de duas unidades demonstrativas de Sistemas Agroflorestais (SAF) em propriedades rurais localizadas no Assentamento Jonas Pinheiro.
A iniciativa visa beneficiar os pequenos agricultores do assentamento que precisam fazer a recuperação de suas áreas para o desembargo ambiental de seus lotes. O trabalho é importante para demonstrar, na prática, que por meio do manejo agroflorestal é possível integrar produção de alimentos com a recuperação ambiental.
Para isso, foram selecionadas as propriedades de duas famílias do Assentamento Jonas Pinheiro, para a implantação das unidades demonstrativas de recuperação de passivo ambiental numa área de Reserva Legal. O projeto está sendo executado no Sítio Vila Láctea, de propriedade da produtora de leite e queijos Rita Hachiya e no Sitio Cristo Rei, de propriedade do casal Ana Catarina Tibaldi e José Reis.
O projeto é resultado de uma parceria entre a Associação Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso), a Prefeitura Municipal de Sorriso, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, o IFMT – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia, a Empaer e a Embrapa Agrossilvipastoril.
Vale ressalta a parceria com o IFMT, principalmente com a produção de mudas de espécies nativas que serão utilizadas no plantio. E da Empaer que também está acompanhando esta ação de recuperação de recomposição do passivo ambiental, através de Sistemas Agroflorestais.
A atividade conta com a competência e habilidade dos responsáveis técnicos pelo projeto, as engenheiras florestais Bruna Estela Valério, Emanuela Olsen e do também engenheiro florestal Diego Antônio, da Embrapa Agrossilvipastoril.
O futuro secretário municipal de Agricultura Familiar, Lucas Oliveira, e o Andrei Abraão, que é coordenador da patrulha mecanizada, também acompanharam o plantio. As sementes foram cuidadosamente separadas e pesadas, para que estejam adequadas para a aplicação com o implemento agrícola.
Entre os trabalhos executados, estão sendo feitas as linhas de plantio e adubação pelo método ‘muvuca’, processo que integra diversas técnicas como plantio de mudas e plantio de sementes, para a recomposição das espécies nas áreas a serem recuperadas, promovendo diversidade e sustentabilidade.
A engenheira florestal Bruna Estela Valério explica como são feitos os SAFs –Sistemas Agroflorestais: “O SAF pode conter uma floresta, atividades agrícolas e a pecuária no mesmo ambiente, imitando assim, a natureza (como nossos ancestrais faziam e os povos indígenas fazem até hoje). Num contexto para a recuperação de uma Reserva Legal, o SAF pode unir a floresta, com espécies agrícolas ou de importância comercial, ajudando assim a recuperar o ambiente e contribuir para a renda do produtor. Além disso, pode contribuir para a biodiversidade local a conservação do solo e da água. É importante ressaltar que para fazer essa recomposição da Reserva Legal com o SAF tem que seguir os critérios estabelecidos pelo Código Florestal”.
Ainda de acordo com Bruna, a criação de uma unidade demonstrativa de Sistema Agroflorestal (SAF) busca evidenciar, de forma prática, como os agricultores podem recuperar suas Reservas Legais de maneira sustentável, aliando recuperação ambiental à geração de benefícios econômicos. “Essa abordagem permite demonstrar melhorias na fertilidade do solo, aumento da biodiversidade e redução de custos, incentivando a adoção de práticas sustentáveis em conformidade com a legislação ambiental. O produtor poderá obter a conformidade legal, porque ele vai conseguir desembargar a sua área se tiver alguma pendência junto aos órgãos competentes”.
Segundo a engenheira, para potencializar os resultados, foi utilizada a combinação dos métodos de plantio por muvuca de sementes e por mudas nativas, estratégia que maximiza os benefícios ecológicos e produtivos. “Enquanto a muvuca cobre rapidamente o solo, competindo com plantas invasoras e promovendo a ciclagem de nutrientes, as mudas estabelecem espécies-chave que formarão o dossel futuro. Essa comparação prática fortalece o aprendizado e a aplicabilidade do SAF pelos agricultores”.
“As vantagens da utilização de se fazer a recuperação da reserva florestal com o SAF
vão além da preservação da biodiversidade, da água e do solo,
também se destaca o interesse econômico,
porque o produtor vai conseguir gerar renda dentro da propriedade”.
(Bruna Valério – engenheira florestal)
Ela explica que o método de plantio por muvuca de sementes florestais consiste na semeadura simultânea de diversas espécies, como árvores nativas, arbustos e plantas de cobertura, promovendo a diversidade e a resiliência do sistema agroflorestal. Esse método oferece vantagens como cobertura rápida do solo, redução de erosão, adubação verde com fixação de nitrogênio, menor custo e maior eficiência na recuperação de grandes áreas degradadas. Além disso, ele acelera a sucessão ecológica ao integrar espécies pioneiras e secundárias, formando um sistema produtivo e sustentável.
Segundo o engenheiro florestal e analista da Embrapa Agrossilvipastoril, Diego Antônio, o planejamento é para que seja feita uma recuperação que seja produtiva. “O foco dessa recuperação é gerar renda para o produtor, não simplesmente fazer um reflorestamento, mas sim um reflorestamento que seja rentável ao produtor, principalmente com frutas nativas e exóticas. Então estamos trabalhando com frutas exóticas como a banana e o citrus, e também espécies nativas, como pequi, o baru, o açaí, o cumaru e essências nativas, como a copaíba, o champanhe, o jatobá, o mogno e o guaritá. ”
Diego destaca que foram utilizados dois métodos de plantio: o plantio direto de mudas e o plantio de sementes (tanto florestais quanto sementes para adubação verde). “ A gente usa a adubação verde para fazer esse recobrimento de solo para trabalhar a ciclagem de nutrientes e também fazer o controle de plantas invasoras, também estamos trabalhando com a prática de chuva de sementes, método conhecido como muvuca. Então, a muvuca no sítio Vila Láctea, onde já está em fase final de implantação de primeiro ano, que fez metade da área com mudas, uma área total de meio hectare, que eu brinco que é um tubo de ensaio, uma área demonstrativa, uma área piloto para pegar essa prática, treinar a equipe do CAT, nessa prática, para depois ao longo dos próximos anos, a equipe estar apta a conduzir esse projeto de recuperação das áreas de reserva legal. Então, metade da área foi plantada com mudas e metade da área foi a semeadura direta de árvores nativas e algumas das exóticas, junto com a adubação verde, então essa muvuca que foi estabelecida”.
Diogo ressalta a importância da aquisição pelo Clube Amigos da Terra de um Subsolador Rotativo Agroflorestal – o SR 800, um implemento que está fazendo a diferença para ter uma condição de plantio veloz, com mais agilidade. “Passamos por uma fase de aprendizagem, mas acredito que já estamos com um pouco mais de entendimento do uso desse equipamento, como a regulagem, a velocidade de trabalho, a abertura para cair a semente. Com esse implemento a gente pode fazer o plantio da muvuca de sementes. A gente pode ter alguma dificuldade ainda com relação às espécies que tem uma germinação mais lenta, talvez teremos que fazer alguma adaptação para enterrar essas sementes, mecanicamente ou de forma manual, mas mesmo que tenhamos que fazer isso manualmente, já é um ganho de produção, ganho de velocidade de plantio em ter esse equipamento à disposição”.
Diego explica que na propriedade do Sítio Vila Láctea o objetivo é proporcionar mais áreas de sombra para as vacas e novilhas da propriedade, e com isso, ampliar a área de descansos para os animais.
“ A gente estabelece um espaçamento entre linhas de cerca de seis metros, que é uma faixa de 80 centímetros onde que não será plantada nenhuma árvore, quase um canteiro, é um espaçamento possível de ter alguma forrageira e lá pelo quinto, sexto ano, quando as árvores terão já um porte, para poder receber a visita de animais. É importante destacar que essa visita tem que ser rotacionada, não pode ser à vontade, o tempo de permanência dos animais, então essa área de reserva vai ter que ser piqueteada, a Dona Rita e seu Evandro já trabalham com cerca elétrica, então isso vai ser tranquilo. Tem que fazer um rodízio, porque se não as vacas podem começar a querer pastejar as plantas de interesse, muito provavelmente, o cupuaçu, o baru, o pequi, caso tenha folhas no alcance delas”.
Na área da propriedade da Dona Ana Catarina e de seu Zé Reis, creio que nós vamos fazer algo muito parecido, talvez um pouquinho mais de área lá, porque a propriedade deles já é um pouco maior, tem um pouco mais de passivo, mas ainda está em estudo sobre o tamanho da área a ser feita, vai depender muito da disponibilidade de sementes que a gente vai ter. E poderemos também fazer esse ensaio, essa unidade de observação, um plantio através de mudas, um plantio através de sementes, e avaliarmos os resultados, tanto de custo, de velocidade de plantio e também de produtividade e satisfação da família que está recebendo esse projeto. Possivelmente também vamos trabalhar com muvuca e com plantio de mudas. Com essa parceria com o CAT, o IFMT e com a prefeitura, com certeza teremos sucesso”.
Com esse trabalho, o CAT pretende fortalecer agricultura familiar local, demonstrando que é possível produzir e preservar ao mesmo tempo para que todos possam ter um futuro mais sustentável.
Sobre a IDH
A Idh é uma organização global que atua para transformar os mercados. A Idh coloca as pessoas, o planeta e o progresso no centro do comércio, mobilizando o poder dos mercados para gerar empregos, rendas e um meio ambiente melhor com equidade de gênero para todos. Para atingir esse objetivo, reúne pessoas nas corporações, no setor financeiro global e nos governos com influência sobre as sobre as cadeias globais de valor para cocriar e coinvestir.
Com sede na Holanda, a Idh tem cerca de 380 funcionários em todo o mundo, operando em 20 países e 12 commodities e regiões de fornecimento, com mais de 1.000 parceiros públicos e privados. Em 13 anos de atuação, Idh gerou mais de 390 milhões de euros em investimentos do setor privado e apoio a novos modelos de negócios impactantes.
O trabalho da Idh é possível graças ao financiamento e à confiança de vários doadores públicos e privados, entre os quais os governos da Holanda e da Suíça e fundações privadas. Para obter mais informações, visite os sites www.idhsustainabletrade.com e www.idhlatam.com ou siga @idh.br no Twitter e Linkedin.
Sobre a Cargill
Cargill oferece serviços e produtos alimentícios, agrícolas, financeiros e industriais ao mundo.
Juntamente com produtores rurais, clientes, governos e comunidades, ajuda as pessoas a prosperar com a aplicação de nossas ideias há mais de 155 anos. Tem 155.000 funcionários em 70 países, que estão comprometidos a fornecer alimentos ao mundo de uma forma responsável, reduzindo o impacto ambiental e melhorando as comunidades onde atua.
Sobre o CAT Sorriso
As atividades do CAT são desenvolvidas através do Projeto Cultivando Vida Sustentável, desenvolvido em parceria com a Cargill e a Idh. As ações ajudam a cumprir metas previstas no Pacto PCI – Produzir, Conservar e Incluir – um acordo multiatores em torno de uma visão voltada ao desenvolvimento sustentável do território. O objetivo do projeto é alavancar a produção de soja sustentável, promover a restauração de áreas degradadas e oferecer assistência técnica para agricultores familiares na região de Sorriso, em Mato Grosso.
O CAT Sorriso é uma associação sem fins lucrativos que reúne produtores rurais e se esforça pelo desenvolvimento tecnológico em harmonia com o meio ambiente. Com 22 anos de atuação, o Clube Amigos da Terra preza pela transparência de suas ações voltadas à preservação do meio ambiente, reconhecendo e valorizando a família do campo, construindo e consolidando trabalhos com resultados comprovados. O CAT Sorriso conta com o apoio da Cargill e da Idh na realização de seus projetos. Para saber mais, acesse: www.catsorriso.org.br.
Assessoria de Comunicação Cat Sorriso
Tâmara Figueiredo | (66) 99995 – 7316| [email protected]