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Sustentabilidade rural dá dinheiro…

Programa de créditos RTRS viabiliza boas práticas de produção e assegura qualidade ao consumidor, escreve Xico Graziano…

Produtores de soja, certificados por meio do CAT Sorriso (Clube Amigos da Terra de Sorriso), no Mato Grosso, já receberam US$ 2,3 milhões em créditos de sustentabilidade. Dinheiro no bolso para premiar o futuro do agro. Inédito e exemplar, o trabalho do CAT Sorriso despertou a atenção dos fazendeiros da região. Engaja atualmente 37 propriedades rurais no Norte de Mato Grosso, responsáveis pela produção de cerca de 280 mil toneladas de soja e milho. Tem escala.

Essa agenda da soja sustentável começou a ser articulada em 2006, com o surgimento da RTRS (Round Table on Responsible Soy), uma associação que envolve toda a cadeia produtiva mundial do grão. Depois da definição de um protocolo de boas práticas agrícolas, com zero desmatamento da Amazônia, a certificação dos produtores passou a valer desde 2011. Agora, em 2022, incluiu o milho no sistema integrado com a soja. Na safra passada (2021/22), cerca de 3,5 milhões de toneladas de soja brasileira foram certificadas como oriundas de produção sustentável, no padrão RTRS. Representa perto de 3% do volume total produzido. É pouco, mas está crescendo. Em termos de área cultivada, envolve cerca de 1 milhão hectares de lavouras, metade no Mato Grosso.

O CAT Sorriso é uma entidade facilitadora do processo de certificação. Ela mobiliza os agricultores para adesão ao protocolo RTRS, organiza as auditorias da empresa certificadora e, depois, negocia os créditos de sustentabilidade produzidos na plataforma. Essa é a cereja do bolo.

COMO FUNCIONA A PLATAFORMA RTRS?

passo 1 – os produtores rurais devem aderir ao protocolo RTRS e se submeter à auditoria externa. Esta, vai conferir, no campo, o cumprimento das normas sustentáveis, representadas por 106 indicadores;

passo 2 – validados no check list da auditoria, os dados da produção sustentável alimentam a plataforma de gestão, resultando em créditos RTRS, na proporção de 1 crédito para cada tonelada de soja produzida;

passo 3 – a plataforma contabiliza e disponibiliza os créditos RTRS às empresas compradoras. Estas, participantes da cadeia produtiva global da soja, assumiram previamente o compromisso de aquisição, e demandam os créditos segundo sua estratégia de marketing;

passo 4 – por meio da plataforma RTRS, o CAT Sorriso negocia, em nome do grupo de fazendeiros certificados, os valores de venda dos créditos, à semelhança de um leilão convencional de papeis e títulos. Em 2022, vendeu cada crédito RTRS por US$ 2;

passo 5 – o valor recebido pela venda dos créditos RTRS é, então, rateado pelo CAT Sorriso entre o grupo de produtores rurais, na proporção, em termos de área cultivada, em que foram produzidos.

Resultado: os serviços ambientais prestados pelos agricultores são, assim, remunerados pelas empresas do setor alimentício, especialmente carnes e lacticínios, que de alguma forma utilizam a soja e seus derivados (rações, óleos, lecitina) em suas fábricas. É sensacional.

O CAT Sorriso está ajudando a se realizar um velho sonho de consumo do agro, qual seja, conseguir parceiros que repartam os custos da sustentabilidade no campo. Afinal, se todos na sociedade ganham com a preservação ambiental, essa conta não pode onerar, tão somente, o produtor rural.

A certificação na origem é um caminho sem volta para a agricultura mundial. Ela viabiliza as boas práticas de produção, permite a rastreabilidade, assegura qualidade ao consumidor e, ademais, aprimora a gestão da propriedade rural. A plataforma RTRS é case de sucesso do famoso bordão ganha-ganha. Ganha a preservação ambiental, ganha o consumidor e ganha o produtor rural.

Uma vitória de quem aposta no futuro.

Xico Graziano, 70 anos, é engenheiro agrônomo e doutor em administração. Foi deputado federal pelo PSDB e integrou o governo de São Paulo. É professor de MBA da FGV. O articulista escreve para o Poder360 semanalmente, às terças-feiras.

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